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Bucha de Redução Galvanizada

1. O que é uma Bucha de Redução Galvanizada?

Uma Bucha de Redução Galvanizada é um acessório de conexão para tubulações (um tipo de “fitting”). Sua função primordial é conectar dois tubos ou conexões roscadas de diâmetros diferentes, permitindo uma transição suave e vedada entre eles.

  • Formato Típico: Geralmente, possui um corpo cilíndrico ou ligeiramente cônico. Sua característica principal é ter:

    • Uma rosca externa (macho) de maior diâmetro em uma extremidade.

    • Uma rosca interna (fêmea) de menor diâmetro na outra extremidade (ou no centro, atravessando o corpo).

  • Função “Redução”: Ela se encaixa (é rosqueada) em uma conexão fêmea de maior diâmetro (por exemplo, um Tê, Luva ou a saída de um equipamento) e oferece uma saída com rosca fêmea de menor diâmetro para receber um tubo ou outra conexão macho de tamanho reduzido. Exemplo: conectar um tubo de 1/2 polegada a uma saída de 3/4 polegadas. A bucha teria rosca externa macho de 3/4″ e rosca interna fêmea de 1/2″.

  • Material Base: É fabricada a partir de materiais ferrosos, mais comumente:

    • Ferro Maleável: Um tipo de ferro fundido que passa por um tratamento térmico prolongado (maleabilização) para aumentar sua ductilidade e resistência ao choque, tornando-o menos quebradiço que o ferro fundido cinzento comum. É muito usado para conexões roscadas padrão.

    • Aço Carbono: Geralmente aço de baixo ou médio carbono, que pode ser conformado por forjamento ou usinagem a partir de barras. Usado para aplicações que podem exigir maior resistência ou especificações particulares.

  • Revestimento “Galvanizado”: A característica distintiva é o revestimento de Zinco (Zn) aplicado sobre a superfície do ferro ou aço. Este processo é chamado de galvanização.

  • Aplicação: Amplamente utilizada em sistemas de tubulação para condução de água (fria e quente – dentro dos limites de temperatura do zinco), ar comprimido, gases (conforme normas específicas), óleo e outros fluidos onde a resistência à corrosão proporcionada pela galvanização é desejada e as roscas são o método de união. São comuns em instalações prediais, industriais e agrícolas.

2. Como é Produzida?

O processo de fabricação de uma Bucha de Redução Galvanizada envolve várias etapas, combinando metalurgia, conformação mecânica e tratamento de superfície:

  1. Produção do Material Base:

    • Ferro Maleável: O ferro é fundido (geralmente em forno cubilô ou de indução) com composição química controlada e vertido em moldes de areia com o formato aproximado da bucha (peça bruta). Após a solidificação e desmoldagem, as peças passam pelo processo de maleabilização (um recozimento específico em atmosfera controlada por vários dias) para transformar a microestrutura e conferir ductilidade.

    • Aço Carbono: O aço é produzido na aciaria (BOF ou EAF), lingotado e laminado em barras com o diâmetro adequado.

  2. Conformação da Bucha:

    • Fundição (Ferro Maleável): A forma básica já vem da etapa de fundição.

    • Forjamento (Aço Carbono): Barras de aço são aquecidas e conformadas em matrizes sob alta pressão (prensas ou martelos de forja) para obter o formato bruto da bucha. O forjamento alinha as fibras do aço, conferindo excelente resistência mecânica.

    • Usinagem (Ambos, mas principalmente Aço e como acabamento): A peça bruta (fundida ou forjada) é então usinada em tornos e outras máquinas-ferramenta. Nesta etapa:

      • As faces são preparadas.

      • O furo interno é feito (se não veio da fundição/forjamento).

      • As roscas (externa maior e interna menor) são cortadas ou laminadas com alta precisão, seguindo padrões dimensionais como NPT (National Pipe Thread Taper – cônica, comum nas Américas) ou BSP (British Standard Pipe – podendo ser BSPT cônica ou BSPP paralela, comuns na Europa e outros locais). A conicidade das roscas NPT e BSPT ajuda na vedação.

      • Pode-se criar um sextavado ou um ressalto externo para facilitar o aperto com chave.

  3. Preparação da Superfície para Galvanização: Esta é uma etapa crítica para garantir a aderência e a qualidade do revestimento de zinco. Envolve uma sequência de banhos químicos:

    • Desengraxe: Remoção de óleos e graxas da usinagem usando soluções alcalinas ou solventes.

    • Lavagem: Enxágue com água para remover a solução desengraxante.

    • Decapagem: Imersão em solução ácida (geralmente ácido clorídrico ou sulfúrico) para remover carepas de laminação, óxidos (ferrugem) e resíduos da superfície do metal base.

    • Lavagem: Novo enxágue para remover o ácido.

    • Fluxagem: Imersão em solução de fluxo (tipicamente cloreto de zinco e cloreto de amônio) para remover últimos traços de óxido e proteger a superfície contra reoxidação antes da imersão no zinco, além de promover a “molhabilidade” pelo zinco fundido.

  4. Galvanização por Imersão a Quente (Hot-Dip Galvanizing):

    • A peça limpa e fluxada é imersa em um banho de zinco fundido, mantido a uma temperatura de aproximadamente 450°C.

    • Durante a imersão, ocorre uma reação metalúrgica entre o ferro (ou aço) e o zinco. Formam-se camadas intermetálicas de liga Fe-Zn na interface, com uma camada externa de zinco puro. Essa ligação metalúrgica garante excelente aderência do revestimento.

    • O tempo de imersão é controlado para obter a espessura de camada desejada, conforme normas técnicas (ex: ABNT NBR 6323, ASTM A153).

  5. Acabamento Pós-Galvanização:

    • As peças são retiradas do banho de zinco. O excesso de zinco pode ser removido por centrifugação, vibração ou sopro de ar/vapor.

    • Resfriamento em água ou ao ar.

    • Inspeção: Verificação da qualidade do revestimento (uniformidade, aderência, espessura, ausência de falhas), das dimensões e da qualidade das roscas (o zinco pode acumular-se nas roscas, exigindo às vezes uma limpeza ou repasse cuidadoso, embora o ideal seja controlar o processo para evitar isso).

3. Todas as Características que Definem a Bucha de Redução Galvanizada:

  1. Material Base: Ferro Maleável ou Aço Carbono (especificado pela aplicação e norma).

  2. Revestimento: Zinco (Zn) aplicado pelo processo de galvanização por imersão a quente.

  3. Função: Conexão redutora roscada (une diâmetros diferentes).

  4. Tipo de Roscas: Combinação de rosca externa (macho) maior e rosca interna (fêmea) menor. Padrão NPT ou BSP (T ou P), geralmente cônicas para vedação.

  5. Resistência à Corrosão: Significativamente melhorada em relação ao material base não protegido, devido à barreira física do zinco e à proteção galvânica (o zinco atua como metal de sacrifício, corroendo-se preferencialmente para proteger o ferro/aço). Ideal para ambientes úmidos ou expostos.

  6. Resistência Mecânica: Determinada pelo material base (ferro maleável ou aço) e pelo processo de fabricação (fundido, forjado). Deve suportar a pressão do fluido no sistema e os esforços de aperto durante a instalação. As classes de pressão são definidas por normas (ex: 150 psi, 300 psi).

  7. Aparência: Superfície tipicamente cinza-metálica, podendo variar de brilhante a fosca com o tempo. Pode apresentar “flores” ou “cristais” de zinco (spangle) dependendo do processo de resfriamento e composição do banho.

  8. Normatização: Fabricada segundo normas dimensionais e de materiais (ex: ASME B16.3 para Ferro Maleável Roscado Cl. 150 e 300, ASME B16.11 para Aço Forjado Roscado; normas de rosca como ASME B1.20.1 para NPT; normas de galvanização como ASTM A153/A153M ou ABNT NBR 6323). A conformidade com a norma garante intercambialidade e desempenho.

  9. Limitações:

    • Temperatura: A galvanização tem limites de temperatura de trabalho (geralmente não recomendada para serviço contínuo acima de 200-230°C, pois o zinco pode fragilizar).

    • Compatibilidade Química: Não adequada para fluidos muito ácidos ou alcalinos que atacam o zinco.

    • Corrosão Galvânica: Cuidado ao conectar diretamente com metais muito diferentes (como cobre ou aço inoxidável) em presença de eletrólito, pois pode acelerar a corrosão do zinco.

    • Especificações Técnicas – Bucha de Redução Galvanizada

      Estas especificações podem variar ligeiramente dependendo do fabricante, da norma específica seguida e da aplicação final, mas os parâmetros a seguir são os mais comuns e importantes:

      1. Tipo de Componente:

        • Bucha de Redução (Reducing Bushing)

      2. Material Base: (Deve ser especificado qual dos seguintes)

        • Ferro Fundido Maleável Preto (Black Malleable Cast Iron): Conforme normas como ABNT NBR 6943 (Brasil), ASTM A197/A197M (Internacional) ou EN 1562 (Europa – designações como GJMB-350-10). Caracterizado pela boa usinabilidade e ductilidade após tratamento térmico de maleabilização.

        • Aço Carbono Forjado (Forged Carbon Steel): Conforme normas como ASTM A105/A105M (para serviços em temperatura ambiente e mais alta) ou outras especificações de aço para forjaria adequadas para conexões. Oferece maior resistência mecânica que o ferro maleável.

        • Aço Carbono Usinado (Machined Carbon Steel): Fabricado a partir de barras de aço, geralmente para aplicações específicas ou de menor classe de pressão.

      3. Revestimento:

        • Tipo: Galvanização por Imersão a Quente (Hot-Dip Galvanizing – HDG).

        • Norma de Referência: ABNT NBR 6323 (Brasil), ASTM A153/A153M (Internacional – para ferragens/acessórios) ou ISO 1461.

        • Espessura Mínima da Camada: Varia com a norma e a espessura do material base, mas tipicamente na faixa de 45 a 85 µm (micrômetros) ou expresso em massa por área (ex: 305 a 610 g/m²). A norma especifica o valor mínimo médio e, às vezes, um valor mínimo local.

        • Aderência: O revestimento deve apresentar aderência adequada ao metal base, verificada por testes específicos (ex: teste de dobra ou impacto leve), sem desplacamento.

        • Acabamento: Contínuo, livre de áreas não revestidas, bolhas, inclusões de fluxo, rugosidades excessivas ou depósitos de zinco que possam interferir na montagem ou funcionalidade (especialmente nas roscas).

      4. Dimensões e Tolerâncias:

        • Norma Dimensional:

          • Para Ferro Maleável: ABNT NBR 6943 (que geralmente se alinha com ASME B16.3 ou ISO 49).

          • Para Aço Forjado: ASME B16.11 (para conexões roscadas e de encaixe para solda).

        • Designação de Tamanho: Especificada pela combinação dos diâmetros nominais das conexões. Exemplo: 1″ x 3/4″ (Rosca externa macho de 1 polegada, rosca interna fêmea de 3/4 polegada).

        • Formato do Corpo: Geralmente com sextavado externo ou ressaltos para facilitar o aperto com ferramenta (chave de grifo, chave inglesa). As dimensões desses elementos também são padronizadas.

        • Tolerâncias: As normas especificam as tolerâncias permitidas nas dimensões gerais e espessuras de parede.

      5. Roscas:

        • Tipo: (Deve ser especificado qual dos seguintes)

          • NPT (National Pipe Thread Taper): Rosca cônica conforme ABNT NBR 12912 (equivalente à ASME B1.20.1). Padrão predominante nas Américas. A conicidade ajuda na vedação.

          • BSPT (British Standard Pipe Taper): Rosca cônica conforme ISO 7-1 ou BS EN 10226-1. Comum na Europa e outras regiões. Também vedante na rosca.

          • BSPP (British Standard Pipe Parallel): Rosca paralela conforme ISO 228-1 ou BS EN ISO 228-1. Requer um elemento de vedação separado (ex: anel ou junta) na face de encosto. Menos comum em buchas de redução que dependem da vedação na rosca.

        • Designação: Conforme o tamanho nominal do tubo (ex: 3/4″ NPT).

        • Qualidade: As roscas devem ser limpas, bem formadas, com o perfil correto e dentro das tolerâncias dimensionais da norma aplicável. A galvanização não deve obstruir a rosca a ponto de impedir o engajamento manual inicial por algumas voltas.

      6. Classe de Pressão:

        • Ferro Maleável: Comumente designadas como Classe 150 (para pressões de trabalho de até 150 psi ou aprox. 10 bar em temperatura ambiente para água, óleo, gás – WOG) ou Classe 300 (para pressões mais altas, aprox. 20 bar). As normas NBR 6943/ASME B16.3 definem as relações pressão-temperatura.

        • Aço Carbono Forjado: Designadas por classes como 2000, 3000 ou 6000 psi (WOG), conforme ASME B16.11. Indicam maior capacidade de suportar pressão.

        • Nota: A pressão máxima de trabalho diminui com o aumento da temperatura. Consultar as tabelas pressão-temperatura nas normas correspondentes.

      7. Limites de Temperatura:

        • Geralmente limitado pela camada de galvanização. Serviço contínuo acima de ~200°C (392°F) não é recomendado devido ao risco de fragilização da camada de zinco e aceleração da corrosão da liga Fe-Zn. Para temperaturas muito baixas, consultar a norma do material base quanto à tenacidade.

      8. Marcação:

        • As peças devem ser marcadas (geralmente em relevo) com:

          • Nome ou marca do fabricante.

          • Material (pode ser um código, ex: “MI” para Malleable Iron, ou a norma do aço).

          • Classe de pressão (ex: “150” ou “3000”).

          • Tamanho (pode estar implícito na peça ou marcado).

          • Eventualmente, símbolo da norma atendida.

      9. Certificação (Quando Aplicável):

        • Para aplicações críticas, pode ser exigido um Certificado de Qualidade do Material ou Certificado de Teste, atestando a conformidade com as normas especificadas (composição química, propriedades mecânicas, resultados de testes de galvanização, etc.).

Em essência, a Bucha de Redução Galvanizada é um exemplo clássico de como um produto siderúrgico básico (ferro ou aço) é transformado através de processos de conformação e revestimento para criar um componente funcional essencial, com propriedades aprimoradas (neste caso, a resistência à corrosão) para uma aplicação específica em sistemas de tubulação. Meu conhecimento abrange desde a química do aço e do ferro até os detalhes da galvanização e as normas que regem esses pequenos, mas vitais, componentes.

abril 9, 2025
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